quarta-feira, 14 de maio de 2014

Millôr Fernandes narra uma linda fábula onde dois personagens, um homem que possuía muitos conhecimentos e um jovem inexperiente. Estes dois personagens com experiências de vidas, culturas e educação diferentes, certo dia encontram-se em um ônibus e seguem viagem juntos travando uma ligeira conversa. A certa altura a conversa perde o interesse, torna-se enfadonha, chata mesmo. Na esperança de tornar aquele encontro mais interessante o homem propõe ao jovem um jogo: Você me faz uma pergunta qualquer. Caso eu não saiba resolver você ganha R$ 100,00. Depois eu lhe faço uma pergunta e se você não souber responder você me paga igualmente R$ 100,00. A proposta foi prontamente rejeitada pelo garoto. O senhor sabe infinitamente muito mais coisas que eu. Desse modo não posso jogar. Eu aceito sob a seguinte condição. Quando não souber a resposta eu pago R$ 20,00 e quando o senhor não souber me paga R$ 100,00. O homem concordou com o garoto, pois considerou o trato justo e pediu para o menino começar. Então o jovem fez a primeira pergunta:
- O que tem cabeça de cavalo, seis patas de elefante e rabo de pau?
- Não sei – disse o homem. Isso não existe.
- Então o senhor me deve R$ 100,00 – disse o jovem.
- Esta bem, eu pago R$ 100,00 – concordou o homem. – Mas agora é a minha vez. Diga-me então: o que é que tem cabeça de cavalo, seis patas de elefante e rabo de pau?
- Não sei disse o jovem. E sem discussão pagou os R$ 20,00.
Qual dos dois você considera mais competente neste jogo? A nossa primeira resposta será dizer que não podemos confundir a esperteza apresentada pelo jovem com a competência do seu competidor. McClelland, psicólogo, pesquisador do comportamento e precursor nos estudos sobre competências, define competência como sendo: “Um conjunto características subjacentes ao comportamento e que possui relação casual com desempenho superior num determinado trabalho”. Assim sendo é resultado de um conjunto de atitudes, valores, conhecimentos ou habilidades que distingue os indivíduos que apresentam desempenho superior, daqueles indivíduos com desempenho apenas normais. De acordo com a definição de McClelland, a esperteza apresentada pelo jovem faz parte do conjunto de atributos para ser bem sucedido, do mesmo modo que o drible genial de um jogador de futebol enganando seu adversário. A esperteza, nestes dois casos, faz a diferença para ganhar o jogo. Era o atributo essencial para o trabalho. Mesmo que isso contrarie nosso julgamento inicial, podemos concluir que o jovem foi mais competente que o homem. Um elevado número de empresas estão investindo na identificação das competências necessárias para que seus profissionais sejam bem-sucedidos. Os perfis de competências desses profissionais mais parecem descrições de superseres muito acima do humano. Éimprovável e impossível encontrar tantas qualificações e competências em uma única pessoa. O indivíduo que conseguir reunir todas as competências exigidas acabará se parecendo com um Frankstein. Um certo dia um conhecido profissional de Recursos Humanos disse: “Você pode ensinar um peru a subir em árvore, mas é mais fácil contratar um esquilo”. Para subir em árvores, nada melhor que um esquilo ou um macaco.
afifbittar.blogspot.com 


Afif Bittar – Sociólogo – Especialista em Psicologia Social – Consultor de empresas em Administração Geral e em Recursos Humanos.              (11/03/08).

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