( Releitura comentada e
inspirada na belíssima obra “O Monge e o Executivo” de James C. Hunter –
Editora Sextante – Rio de Janeiro – 2004).
Introdução.
Tomei a liberdade de
realizar nesta obra, que foi no ano do seu lançamento e nos anos seguintes, um
dos maiores “Best Sellers” de todos os tempos, uma releitura comentada. Este
livro provocou um enorme “frisson” nos círculos da gestão ou, como queiram, gerência
de pessoas. Esta minha releitura pretende, sem nenhuma pretensão, reavivar e
arejar minha mente e as mentalidades mais abertas e que aceitam novas idéias e
propostas, não sem antes discutirem exaustivamente o tema proposto. Aqui
colocarei em discussão os temas Liderança
e Poder, do mesmo modo que foi explorado por James C. Hunter nesta
belíssima obra sua O Monge e o Executivo.
1) LÍDER E LIDERANÇA – GERENTE E
GERÊNCIA.
Gerência não é algo
que se faça para os outros. Você é quem gerencia seu inventário, sua conta
bancária, seu talão de cheques, seus recursos financeiros, materiais e
inclusive você mesmo, contudo, ao contrário do que muitos imaginam, você não
gerencia pessoas. Você gerencia coisas, objetos, móveis, imóveis etc., contudo,
quando se trata de pessoas, estas você lidera.
Liderança é uma habilidade utilizada para influenciar pessoas para trabalharem
com entusiasmo visando atingir os objetivos identificados para o bem comum, do
seu grupo. Uma habilidade é simplesmente uma capacidade adquirida. ( CHA
) = Conhecimento – Habilidade – Atitude. Quando você recebe treinamentos
teóricos e práticos acaba adquirindo o conhecimento
necessário para colocar em prática uma determinada atividade. Adquirido o conhecimento deverá vir agora a habilidade que é colocar em prática o conhecimento adquirido. A Atitude nada mais é do que o desejo, a
vontade, o querer fazer aquilo que deve ser feito, ou seja, por em prática todo
o conhecimento adquirido. A
capacidade de influenciar pessoas pode ser adquirida. Se liderar pessoas é
influenciar, como, então, poderemos desenvolver essa capacidade? Como conseguir
que as pessoas façam aquilo que desejamos, do modo que queremos e dentro do prazo estabelecido? Como envolver
as pessoas do “pescoço para cima” ao
invés da antiga idéia de “nós queremos
você do pescoço para baixo”? Para entender isso é necessário e importante
compreender em primeiro lugar a diferença entre Poder e Autoridade. Max Weber, um dos fundadores da Sociologia e da
Administração Geral, definiu desse modo o que é Poder: É a faculdade de forçar ou até mesmo coagir alguém a fazer a
sua vontade por causa de sua posição ou força, mesmo contra a própria vontade.
Faz uso de ameaças como demissão, suspensão, castigos físicos etc. Autoridade: É a habilidade de levar a
pessoa a fazer de boa vontade o que você deseja em virtude da sua influência
pessoal. Poder é uma faculdade, quer
dizer, é dado por alguém ao ocupante de um cargo e vem de cima, sendo na
verdade uma prerrogativa do cargo que ocupa, uma imposição. Autoridade é uma habilidade adquirida e desenvolvida, sendo conquistada por suas
qualidades pessoais. Para se ter poder não
se necessita ter cérebro. Crianças de dois anos de idade são mestres em dar
ordens a seus pais bem como aos coleguinhas da escola. A história nos revela
uma infinidade de governantes maus e insensatos que conspurcaram o uso do poder. Nos dias de hoje,
lamentavelmente, ainda encontramos em muitos países indivíduos travestidos de
governantes dominando com “mão de ferro” um pobre e infeliz povo que nada pode
fazer para se libertar do jugo desses canalhas. Qualquer pessoa pode ser
colocada no poder por que é parente,
amiga, herdeira do dinheiro ou do poder,
como na China Continental, em Cuba, na Coréia do Norte, na Venezuela, na
Bolívia, na Argentina, em muitos países do Oriente Médio e da Ásia. Esse tipo
de herança jamais acontece com o assunto quando se tratar de autoridade. Ela nunca é comprada por
que não é vendida, não sendo encontrada em lojas, supermercados e magazines,
não é dada, não é tirada de alguns e entregue a outros, e nem é tomada de
ninguém sem seu consentimento. A sua autoridade
diz quem você é como pessoa, qual
o seu caráter e qual sua capacidade
de influenciar pessoas. O
poder, por sua vez, tem o dom
de, com o tempo, corroer o relacionamento. No início você consegue que o grupo
obedeça suas ordens, consegue obediência, seja dos seus filhos ou dos seus
subordinados utilizando apenas o poder, entretanto,
com o passar do tempo, as pessoas se cansam e se rebelam rompendo as amarras.
Existe, em tudo em nossas vidas um determinado limite, seja tanto para o poder ou para a autoridade. Esse limite tanto vale para uso nas nossas casas com
familiares como nas empresas com os subordinados. Tudo dependerá da situação,
do ambiente e do clima instalados. Quando e se houver quebra da autoridade, você deverá fazer uso
imediato do poder para colocar as
coisas nos devidos lugares como por exemplo, estabelecer limites nas nossas
casas com os filhos e esposas e, nas empresas, dispensar ou suspender
funcionários. Com base no que vimos até este momento, o que ainda é pouco,
vamos exercitar nossas mentes com uma atividade. Primeiramente um trabalho individual. Pense em alguém vivo ou morto
que tenha exercido autoridade sobre você como definida aqui. Essa
pessoa pode ter sido seu professor, chefe, pai, mãe, cônjuge, treinador. Pode
ser alguém por quem você seria capaz de atravessar uma parede. Faça uma lista
de quatro ou cinco qualidades de caráter dessa pessoa que consideram essenciais
para o desenvolvimento da autoridade de
acordo com sua experiência de vida. Isto
feito, junte-se com um parceiro para que possam fazer um trabalho em dupla,
formando uma única lista dessas qualidades levantadas individualmente. Eis um
exemplo de lista dessas qualidades: honestidade, confiabilidade, compromisso,
bom ouvinte, bom exemplo, cuidado, conquistar a confiança das pessoas, cuidado,
tratar as pessoas com respeito, encorajar as pessoas, atitude positiva e
entusiasta, gostar das pessoas. Todas estas qualidades aqui relacionadas são,
na verdade, comportamento, e
comportamento é escolha. E sabe por que é escolha? Simplesmente por que
ninguém nasce com qualquer uma destas qualidades. Saiba que todas elas podem
ser desenvolvidas durantes nossas vidas. Alguns desses traços de personalidade
seguem amadurecendo durante alguns anos das nossas vidas, vão se desenvolvendo
e evoluindo com o correr dos tempos. Em determinadas pessoas estes traços
sofrem pequenas alterações, contudo, em outras, as mudanças ocorrem em elevado
nível. Em algum momento de sua vida o líder
deverá se propor um sério desafio, ou seja: Quais os meus traços de caráter que necessitam ser mudados e bem
trabalhados aplicando-lhes um bônus. Esta atitude requer certamente uma
escolha e muito esforço da minha parte desde que eu seja o líder. Como sabemos,
liderar é conseguir que os trabalhos
sejam feitos através das pessoas. É claro que isso envolve certamente duas
dinâmicas: tarefa e relacionamento. Neste
caso o nível de atenção do líder deverá ser distribuído igualmente tanto para a
tarefa quanto para o relacionamento. Qualquer desequilíbrio
na atenção do líder neste caso poderá provocar um sério prejuízo seja no relacionamento ou na tarefa, com
reflexos nos resultados da produção. Nossa dica nesta hora é ir executando a tarefa e, ao mesmo tempo, seguir
costurando e construindo os relacionamentos. Muitas pessoas em todo o
planeta são promovidas diariamente a postos de chefias por suas competências técnicas e,
lamentavelmente, se dão muito mal simplesmente por não possuírem as competências de liderança. O pior nisso
tudo é que esses novos “chefinhos” não se preocuparam em aprender a competência
liderança, utilizando-se exclusivamente da faculdade
do poder. Muitas vezes, sem querer, as empresas preparam verdadeiras
armadilhas para alguns de seus melhores funcionários de nível técnico, como no
caso , promovendo-os para postos de chefias com base apenas no conhecimento
técnico, sem considerar a capacidade de liderança. Aqui foi criado um sério
problema para funcionário e empresa que perde um ótimo técnico, tornando-se um mau
supervisor. Infelizmente existe um conceito de liderança que iremos chamar de
defeituoso por uma única e exclusiva razão. Esse fato ocorre com indivíduos que
possuem um ótimo potencial técnico, voltados para apenas para tarefas, quando
promovidos para postos de chefias e sem a necessária habilidade de liderança,
continuam nos cargos. Este é verdadeiramente um conceito defeituoso de
liderança. Nas nossas vidas, seja na família, no trabalho, na escola, na
igreja, no clube, no lazer, tudo gira em torno dos nossos relacionamentos. Poucos de nós se dão conta da importância desse
fato. Basta ver nosso relacionamento com DEUS,
conosco mesmo e com as demais pessoas. Essa coisa do nosso relacionamento é,
especialmente, muito importante tendo em vista as particularidades dos nossos
negócios, do trabalho que realizamos tendo em vista que a produção de bens e
serviços nas organizações é feita por pessoas, essas mesmas pessoas com as
quais nos relacionamos diariamente, seja direta ou indiretamente. Tudo isso é
muito importante, particularmente nos negócios, especialmente por que as
pessoas são responsáveis pela produção e, óbvio, pelos negócios e seus
resultados. Sem as pessoas não existiria nada, nem produtos e nem negócios.
Relacionamentos saudáveis, famílias saudáveis, times saudáveis, empresas
saudáveis, escolas saudáveis, escolas saudáveis tendo professores e alunos
igualmente saudáveis. Grandes líderes saudáveis têm a capacidade de construírem
uma rede de relacionamentos igualmente saudáveis. Uma empresa que consegue
perder um cliente às vezes não se dá conta que sua perda foi em razão do seu
mau relacionamento com aquele cliente. Não soube manter um adequado nível de
comunicação e, por conseguinte, seu relacionamento azedou por que as
necessidades do cliente não foram atendidas conforme esperado por ele.
Relacionamentos saudáveis, famílias saudáveis, escolas saudáveis, empresas
saudáveis, negócios saudáveis, vidas saudáveis. Líderes grandes e saudáveis têm
a capacidade de construírem relacionamentos saudáveis. Quando uma empresa perde
um cliente como visto anteriormente, pode ter sido em virtude da sua
insatisfação com o relacionamento bem como com a não satisfação das suas
necessidades, necessidades essas que não foram identificadas pela empresa. A receita para um negócio próspero e
saudável é uma dose de excelente relacionamento, uma pitada de
simpatia, um bela sorriso, cordialidade, desejo de satisfazer a necessidade do
cliente, prestar informações corretas sem falsas promessas. Todo bom e
saudável negócio depende do relacionamento saudável entre as partes envolvidas.
Como bem sabemos todo bom negócio só é bom quando ambos os lados ganham. Caso apenas
um dos lados envolvidos na negociação sai vitorioso, este não foi um bom
negócio já houve perda para um dos lados. O negócio não é uma guerra onde,
geralmente um lado é vencedor, contudo, mesmo na guerra, os dois lados sempre
perdem e muito. As empresa devem esta sempre atentas para esta regrinha dos
negócios e que é muito simples: Caso não estejamos correspondendo e atendendo
as necessidades dos nossos clientes, outro fornecedor certamente o fará,
portanto, muita atenção e cuidado nesse particular que é muito simples: Atender e satisfazer as necessidades do
nosso cliente. O desejo de todo empreendedor é, como dito anteriormente, a
satisfação das necessidades do seu cliente e então eu pergunto: Por que esse
empreendedor não age do mesmo modo em relação aos seus
colaboradores/funcionários? Sempre que ocorrem greves, agitações nas empresas,
nas fábricas, baixo moral, perda da confiança, queda da produção estes fatos
são reflexos da insatisfação dos empregados tendo em vista que suas
necessidades não foram satisfeitas. O empreendedor não deve esperar que estes
fatos ocorram e sim antecipar-se a eles negociando com os representantes dos
empregados e atendendo dentro do possível benefícios que caminhem ao encontro
das suas necessidades. Quando fui Gerente de Recursos Humanos do Frigorífica
Ceratti em São Paulo, negociei muito com o Sr. Mário Ceratti Benedetti e
antecipamos muitas cláusulas sociais e financeiras aos empregados e nunca
tivemos um único dia de paralisação em nossa fábrica. Isto ocorreu nos
tumultuados anos 1987 e 1988, quando os sindicatos atormentavam empresas e
empresários com suas paralisações, arruaças e terrorismos, além de passeatas
por ruas e avenidas da cidade de São Paulo atravancando o trânsito. Até este
momento vimos as necessidades dos clientes e dos funcionários e, então
pergunto, como ficam as necessidades dos acionistas?
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