terça-feira, 7 de maio de 2013

O MERCADO DE TRABALHO E AS COMPETÊNCIAS DAS PESSOAS.


Não faz muito tempo, comentei em um artigo que publiquei em meu blog uma fábula do grande e saudoso Millôr Fernandes onde, dois de seus personagens, um homem que possuía muitos conhecimentos e um jovem inexperiente se encontram em um ônibus e iniciam uma conversação muito interessante. Faço questão de voltar ao assunto tendo em vista as velhas e sempre novas e interessantíssimas questões das competências individuais, bem como por ser importantíssimo que devemos encarar assuntos dessa natureza neste país metido a desenvolvido e, no entanto, nada tem que possa ser qualificado de desenvolvido. Retornando à fábula de Millôr os personagens se encontraram em um ônibus e iniciam uma conversa que, aos poucos, vai deixando o homem mais velho entediado. Na tentativa de tornar a conversa um tanto quanto mais interessante então propõe ao jovem o seguinte jogo: - Você me faz uma pergunta qualquer e, se eu não souber responder, pago R$ 100,00 a você. Depois eu lhe faço uma pergunta e se não souber a resposta você me paga R$ 100,00. Combinado? - Isso não é justo. Não posso jogar esse jogo, disse o jovem. O senhor sabe infinitamente coisas que eu nem sequer imagino. Eu topo jogar com a seguinte condição: Quando eu não souber a resposta pago CR$ 20,00 e quando o senhor não souber responder minha pergunta me pagará CR$ 100,00. Combinado? O homem concordou com a proposta do garoto e disse: - Pode começar. Então o jovem perguntou: O que é que tem cabeça de cavalo, seis patas de elefante e rabo de pau? – Não sei,disse o homem. Isso não existe. – Então o senhor me deve CR$ 100,00, disse o jovem. – Ta bem, eu pago, concordou o homem. Já que agora é a minha vez, diga-me o que é que tem cabeça de cavalo, seis patas de elefante e rabo de pau?  - Não sei disse o jovem e, sem discussão, pagou os CR$ 20,00.
Diga-me você prezado(a) leitor(a) quem, na sua opinião, foi mais competente neste jogo. Talvez nossa primeira impressão seja dizer que não devemos confundir a esperteza apresentada pelo jovem com a provável competência do homem. Mc Clelland, conhecido Psicólogo e Pesquisador do Comportamento foi precursor dos estudos sobre a competência e define-a da seguinte maneira: “Competência é um conjunto de características subjacentes ao comportamento e que possui relação casual com desempenho superior de uma pessoa em um determinado trabalho”. Assim sendo, é o resultado de um conjunto de atitudes, valores, conhecimentos e habilidades que distinguem os indivíduos que apresentam desempenhos superiores aos daqueles considerados apenas como normais. De acordo com essa definição, a esperteza apresentada pelo jovem fazia parte do conjunto dos atributos para ele fosse bem-sucedido. Desse modo o drible genial de um atacante de futebol ao enganar o seu adversário, sua esperteza, nesse caso, fez e sempre fará a diferença para ganhar o jogo. A esperteza do garoto no jogo foi o atributo essencial para seu sucesso e um atributo especial naquele jogo que foi o seu trabalho. Mesmo que sejamos contrariados, a princípio, em nosso julgamento moral, podemos concluir que o jovem foi, certamente, mais competente que o homem, pois levou vantagem na sua competição. Hoje existem algumas empresas investindo na identificação e captação de cabeças com as necessárias competências para que seus profissionais possam se tornar pessoas bem sucedidas no trabalho. Millôr Fernandes diz ainda ter tido acesso aos perfis de competência dos profissionais pesquisados e que, na maioria das vezes, fica em dúvida sobre se existem pessoas que conseguem reunir tantos e tão bons atributos ao mesmo tempo. Diz ele em seguida que os perfis descrevem pessoas dotadas de super poderes, isto é, verdadeiros super-seres humanos. É como se fosse possível reunir em um mesmo atleta as competências para que fosse bem-sucedido em lutas de sumô e de ginástica olímpica, isto é, dois perfis de atletas absolutamente diferentes. Estes atributos reunidos em um único atleta nunca jamais seria possível. Caro amigo leitor, Millôr diz que você não deve se iludir com muitas reportagens jornalísticas bombásticas sobre os requisitos da nova era. Estas notícias apenas cumprem seu importante papel de nos alertar para que fiquemos ligados nas mudanças que acontecem a todo instante ao nosso lado e que, muitas vezes, nem sequer notamos. Elas nos servem como guia de auto-desenvolvimento e são, na verdade, uma direção a seguir para nos atualizarmos tendo em vistas todas as transformações que vem ocorrendo nas empresas em todo o planeta. Finalizando  sua fábula Millôr diz que se você desejar seguir todos os conselhos publicados na imprensa irá ficar muito parecido comum Frankstein. Um ótimo profissional de Recurso Humanos disse certa ocasião que: “Você pode ensinar um peru a subir em uma árvore, mas é muito mais fácil contratar um esquilo”. Todos sabemos que para subir em árvores não existe nada melhor que um esquilo, então para que treinar um peru?
afifbittar.blogspot.com
Texto extraído da página T & D da Internet. Foram feita inúmeras alterações e que são de minha inteira responsabilidade.
Afif Bittar – Sociólogo – Especialista em Psicologia Social – Consultor de empresas em Administração Geral e em Recursos Humanos.    (07/05/13)