segunda-feira, 18 de junho de 2012

Gestão da Inteligência.

O termo inteligência faz algum tempo passou a ter um sentido duplo. Basicamente a entendemos como sendo a capacidade de compreender algo, contudo, diferentes dicionários nos mostram outra definição influenciada pela língua anglo-saxônica conferindo-lhe a noção de espionagem. Em virtude desta forte influência com intenções duvidosas de manipulação, esta palavra passou a ser um vocábulo muito utilizado nas ações repressivas de cunho político, o que, de certa forma, fez com que ela perdesse, por algum tempo, tudo o seu charme, especialmente em ambientes melhor organizados. No momento em que a globalização está entupindo as mídias todas com terminologias nunca antes utilizadas em nosso vocabulário, com uma massificação nunca antes vista, a solução encontrada reside em nossa capacidade de interpretação dessas terminologias todas e que enfrentemos esses novos desafios todos com inteligência. Há cinco ou seis décadas atrás vivemos um tremendo dilema bastante conhecido e que foi uma conhecida discussão a respeito do especialista versus generalista. Um grande estudioso e debatedor dos assuntos de gestão daqueles tempos Norbert Veiner foi antológico e extremamente crítico ao dizer que a especialização e a generalização extremadas poderiam levar a uma insensatez: o especialista acabaria por ser aquele que saberia tudo sobre nada, enquanto que o generalista teria a posição oposta, ele acabaria sabendo nada sobre tudo. Muitos de nós erramos redondamente ao pensar que este dilema chegou ao fim. Ele ainda não terminou persistindo claramente muito nítido em nossas mentes. Este pensamento precisa ser exorcizado urgentemente. Vamos supor que os fatos e fenômenos que existem no universo se nos apresentam sob duas óticas apenas, o que não é verdadeiro. Em uma dessas óticas iremos imaginar a amplitude do objeto que estamos observando e analisando. Esse objeto é meramente uma amostra da verdadeira realidade observada. Quanto maior for o objeto da análise, maior será a realidade observada. Sob uma outra ótica, ou seja, sob uma visão crítica, veremos que quanto maior for nossa visão crítica, maior será nossa capacidade de interpretar e, portanto, de identificar elementos relevantes serão úteis para a nossa tomada de decisão. É óbvio que não possuir uma visão crítica significa ter uma realidade minimamente enfocada e uma postura alienante. Fica absolutamente claro que nessa ótica os indivíduos são absolutamente incapazes de atuar e de fazer acontecer. Também fica claro que ter uma visão extremamente crítica de uma realidade pequena é típica da especialização, já, por outro lado, enfocar a realidade com amplitude e ao mesmo tempo ter um baixo poder crítico é típico da generalização. O mundo atual exige que interpretemos a realidade onde vivemos do modo mais amplo possível, onde coloquemos em prática nossa capacidade criativa, interpretativa, crítica, demonstrando a mais absoluta competência. Tudo isso devemos entender como sendo inteligência. Uma visão complementar do termo, por ser pragmática, deve ser extraída da experiência. O senso comum afirma que alguém é inteligente quando faz uso do seu conhecimento e o demonstra de modo eficaz. Assim sendo, para ser inteligente não basta apenas ter conhecimento, é necessário saber utilizá-lo. Alguma pessoa somente poderá ser considerada como inteligente quando demonstrar na prática sua capacidade para utilizar seus conhecimentos com propriedade. O ambiente empresarial de hoje, com tantos desafios, exige dos seus administradores uma capacidade interpretativa abrangente, isto é, um conhecimento articulado, complementado por mecanismos capazes de disponibilizá-los e, desse modo, demonstrar a inteligência empresarial. Todos estão absolutamente cientes de que uma organização empresarial, qualquer que seja ela, é um conjunto de métodos e processos muito bem estruturados e capazes de fornecer respostas predefinidas a partir de insumos, entretanto, esse complexo de recursos financeiros, materiais e tecnológicos é absolutamente incapaz de funcionar sem os necessários recursos humanos. Quando falamos em empresa inteligente, estamos falando em pessoas inteligentes e, por conseguinte, em métodos e processos inteligentes. A empresa deve, entre outras providências, direcionar a procura da fonte do conhecimento dos seus recursos humanos, levando esses recursos a ver a realidade de forma mais abrangente e com maior poder de crítica. Por outro lado, também se faz necessário ter uma estrutura muito bem montada, onde existam métodos e processos que tratem a informação de maneira organizada na sua plenitude, de modo a transformá-la em conhecimento. Existem duas soluções para esta proposta: A Universidade Corporativa e a Gestão do Conhecimento.

Afif Bittar – Sociólogo – Especialista em Psicologia Social – Consultor de empresas em Administração Geral e em Recursos Humanos.    (07/07/10).
afifbittar.blogspot.com.br

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