O termo inteligência faz algum
tempo passou a ter um sentido duplo. Basicamente a entendemos como sendo a
capacidade de compreender algo, contudo, diferentes dicionários nos mostram outra
definição influenciada pela língua anglo-saxônica conferindo-lhe a noção de espionagem. Em virtude desta forte influência com intenções
duvidosas de manipulação, esta
palavra passou a ser um vocábulo muito utilizado nas ações repressivas de cunho
político, o que, de certa forma, fez com que ela perdesse, por algum tempo,
tudo o seu charme, especialmente em ambientes melhor organizados. No momento em
que a globalização está entupindo as mídias todas com terminologias nunca antes
utilizadas em nosso vocabulário, com uma massificação nunca antes vista, a
solução encontrada reside em nossa capacidade de interpretação dessas
terminologias todas e que enfrentemos esses novos desafios todos com inteligência. Há cinco ou seis décadas
atrás vivemos um tremendo dilema bastante conhecido e que foi uma conhecida
discussão a respeito do especialista
versus generalista. Um grande estudioso e debatedor dos assuntos de gestão
daqueles tempos Norbert Veiner foi antológico e extremamente crítico ao dizer
que a especialização e a generalização
extremadas poderiam levar a uma insensatez: o especialista acabaria por ser aquele que saberia tudo sobre nada,
enquanto que o generalista teria a posição oposta, ele acabaria sabendo nada
sobre tudo. Muitos de nós erramos redondamente ao pensar que este dilema
chegou ao fim. Ele ainda não terminou persistindo claramente muito nítido em
nossas mentes. Este pensamento precisa ser exorcizado urgentemente. Vamos supor
que os fatos e fenômenos que existem no universo se nos apresentam sob duas
óticas apenas, o que não é verdadeiro. Em uma dessas óticas iremos imaginar a
amplitude do objeto que estamos observando e analisando. Esse objeto é
meramente uma amostra da verdadeira realidade observada. Quanto maior for o objeto
da análise, maior será a realidade observada. Sob uma outra ótica, ou seja, sob
uma visão crítica, veremos que quanto maior for nossa visão crítica, maior será
nossa capacidade de interpretar e, portanto, de identificar elementos
relevantes serão úteis para a nossa tomada de decisão. É óbvio que não possuir
uma visão crítica significa ter uma realidade minimamente enfocada e uma
postura alienante. Fica absolutamente claro que nessa ótica os indivíduos são
absolutamente incapazes de atuar e de fazer acontecer. Também fica claro que
ter uma visão extremamente crítica de uma realidade pequena é típica da especialização, já, por outro lado,
enfocar a realidade com amplitude e ao mesmo tempo ter um baixo poder crítico é
típico da generalização. O mundo
atual exige que interpretemos a realidade onde vivemos do modo mais amplo possível,
onde coloquemos em prática nossa capacidade criativa, interpretativa, crítica,
demonstrando a mais absoluta competência. Tudo isso devemos entender como sendo
inteligência. Uma visão complementar
do termo, por ser pragmática, deve ser extraída da experiência. O senso comum
afirma que alguém é inteligente quando faz uso do seu conhecimento e o
demonstra de modo eficaz. Assim sendo, para ser inteligente não basta apenas
ter conhecimento, é necessário saber utilizá-lo. Alguma pessoa somente poderá
ser considerada como inteligente quando demonstrar na prática sua capacidade
para utilizar seus conhecimentos com propriedade. O ambiente empresarial de
hoje, com tantos desafios, exige dos seus administradores uma capacidade
interpretativa abrangente, isto é, um conhecimento articulado, complementado
por mecanismos capazes de disponibilizá-los e, desse modo, demonstrar a
inteligência empresarial. Todos estão absolutamente cientes de que uma
organização empresarial, qualquer que seja ela, é um conjunto de métodos e
processos muito bem estruturados e capazes de fornecer respostas predefinidas a
partir de insumos, entretanto, esse complexo de recursos financeiros, materiais
e tecnológicos é absolutamente incapaz de funcionar sem os necessários recursos
humanos. Quando falamos em empresa inteligente, estamos falando em pessoas
inteligentes e, por conseguinte, em métodos e processos inteligentes. A
empresa deve, entre outras providências, direcionar a procura da fonte do
conhecimento dos seus recursos humanos, levando esses recursos a ver a
realidade de forma mais abrangente e com maior poder de crítica. Por outro
lado, também se faz necessário ter uma estrutura muito bem montada, onde
existam métodos e processos que tratem a informação de maneira organizada na
sua plenitude, de modo a transformá-la em conhecimento. Existem duas soluções
para esta proposta: A Universidade
Corporativa e a Gestão do Conhecimento.
Afif Bittar – Sociólogo – Especialista
em Psicologia Social – Consultor de empresas em Administração Geral e em
Recursos Humanos. (07/07/10).
afifbittar.blogspot.com.br
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