sexta-feira, 2 de março de 2012

Era uma vez ....

Em pleno século XXI existe, como que por encanto, um país que ainda caminha muito lentamente na rota do progresso e do desenvolvimento. Lá não existem vulcões, tsunamis, furacões e nem terremotos. Seu clima tropical e agradável conta com belíssimas praias que são motivo de inveja dos demais países do planeta. Com raríssimas exceções a grande maioria do seu povo é mantida pelos governantes como se ainda vivessem na Idade Média. Entre essas exceções estão os dominadores e que vivem da exploração do poder, bem como seus financiadores. Não há a mínima preocupação com educação, saúde e trabalho por parte da casta dominante.  A Idade Média é, por convenção, o período compreendido entre a queda do Império Romano, no século V, e a queda de Constantinopla (1453). Este  povo fanático por novelas ainda acredita em fadas, sacis, feiticeiras, bruxas, chupa-cabras e outras crendices populares. Um incerto dia desce das terras do nordeste para as terras do sudeste, um jovem e bravo lutador que acaba conquistando a simpatia desse bondoso povo. Com peculiar simpatia e muito discurso insipiente e insincero conseguiu conquistar a maioria dos territórios da atrasada, paralisada e impotente nação. Seus discursos nos dias de hoje seguem a mesma linha dos feitos à época dos piquetes nas portas das empresas. Encontrando um país abandonado por décadas, cujos governantes nada fizeram além de promessas vazias, o valente conquistador chegou, viu e venceu. Foi coroado rei. Dotado de uma discutível capacidade de liderança, o garboso soberano, do alto do seu majestoso trono não consegue enxergar um palmo adiante do nariz. Nada vê, nada ouve, nada sabe. Majestade, o bom líder é aquele que tudo vê, tudo sabe e ouve a todos e que, além de reconhecer méritos dos membros do seu grupo, sabe aplicar punições bem como selecionar seus pares, ministros e assessores e que não minta ao povo. A mentira é um dom da maioria dos homens públicos. Nobre soberano tenha em mente isto: Você construiu seu castelo em terreno arenoso e acabou tornando-se um ser que tudo sabe que nada sabe. Não ignore a sabedoria popular. A arte de enganar e de mentir não é nenhuma novidade no jogo político e nem é privilégio deste ou daquele regime e nem deste ou daquele partido político. O povo continua sendo enganado com pacotes de bondade, como bolsa família, cesta básica e outros, ao invés de emprego. Certamente a bolsa família garantiu a reeleição do soberano. Muitos indivíduos satisfazem-se com uma esmola ou um donativo qualquer em lugar de um trabalho. São pessoas dotadas de uma genética especial e nada rara nesse país. Essas pessoas são alérgicas ao trabalho. E as passagens gratuitas para os idosos nas carruagens quando saem de suas vilas dirigindo-se para outras províncias? Quem paga essas viagens? Obviamente o usuário do serviço através do aumento do preço. É costume nesse país os legisladores criarem leis confusas que dão múltiplos entendimentos, interpretações e não criarem a fonte de recursos para custear tais despesas. Fazer caridade com o chapéu alheio é muito fácil não é mesmo? Os habitantes desse país vivem de ilusões. O sábio soberano contratou magos, feiticeiros e ilusionistas além, é claro, de alguns mutreteiros e trambiqueiros para seus ministérios.  Esses senhores terão uma duríssima tarefa pela frente nos próximos anos. Esse quixotesco rei ainda hoje trava batalhas com os fantasmas imaginários, nos moinhos de vento, que ainda povoam sua cabeça.
Nota – Este é um artigo da mais pura e mera ficção. Qualquer semelhança com personagens da vida real (não) terá sido mera coincidência.

Afif Bittar – Sociólogo – Especialista em Psicologia Social – Consultor de empresas em Administração Geral e em Recursos Humanos.   (30/10/06)

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