Assim foi chamado Nicolau Jorge Bittar, libanês de nascimento, brasileiro e sanjoanense de alma e coração e uberlandense também de coração e por adoção, quando, em 01/12/05, recebeu o título de “Cidadão Honorário de Uberlândia” pelos relevantes serviços prestados àquela esplêndida, magnífica e progressista cidade do triângulo mineiro. Seus conhecimentos sobre a filosofia maçônica, se é que podemos assim qualificar essa operosa sociedade, eram tantos que acabou sendo chamado pelos seus irmãos uberlandenses de enciclopédia viva da maçonaria. O termo Maçonaria deriva do francês Maçonnerie que significa a arte do pedreiro, do obreiro e dos antigos construtores de casa e prédios desde os séculos XI e XII. Já no ano de 1766 a palavra Maçonaria surgiu como designativo de uma associação secreta dos franco-maçons, espalhando-se por todo o planeta tendo em vista suas idéias e seu lema. Os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade que foram o lema e que marcaram profundamente o espírito dos heróis da Revolução Francesa, também inspiraram e determinaram a criação de grupos que fortaleceram e construíram os ideais maçônicos no século XVIII. Devemos nos lembrar que as primeiras idéias de liberdade do Brasil colônia nasceram, se fortaleceram e se concretizaram dentro de um templo maçônico.
O século XX estava desabrochando quando nasceu Nicolau J. Bittar no dia 22/02/1913, no distante, longínquo e maltratado Líbano pelas constantes lutas entre irmãos do lindo, misterioso, lendário e velho oriente médio. Veio ao Brasil com sua família chegando aqui em 1921 com apenas oito anos de idade. Um grande lutador, empreendedor e dotado de espírito de liderança, chegou, viu e venceu. Inspirado e, ao mesmo tempo, iluminado pelo Grande Arquiteto do Universo, arquitetou e construiu Templos Maçônicos, com a preciosa colaboração de seus irmãos nas cidades de São João da Boa Vista-SP, Uberlândia-MG e Araguari-MG. Autodidata, estudioso da doutrina maçônica e grande orador, embora tivesse estudado apenas até o terceiro ano do antigo curso primário, dotado de um invejável espírito de liderança, atingiu os mais elevados postos e graus dentro da maçonaria. Vamos enumerar apenas algumas poucas características da personalidade desta inigualável e ímpar figura humana que nos deixou um magnífico legado vivo de exemplos materiais concretos, intelectuais e morais. Pessoa enérgica, diligente, disciplinador, empolgado orador, controlador, organizado, íntegro, possuidor uma retidão de caráter, cuidadoso, amoroso, rigoroso, decente, correto, pois viveu sempre em conformidade com os padrões morais e éticos da sociedade da sua e da nossa época. Foi um cidadão que primou pela honestidade, criativo, procurou sempre fazer o bem, prestando serviços e contribuindo de algum modo com enfermos, carentes e necessitados. Sua maneira íntegra de ser e de agir conquistou muitas amizades e, é claro, alguns desafetos por onde passou. Muito exigente, rigoroso e até intransigente na defesa e na aplicação dos preceitos e das doutrinas maçônicas, especialmente por ter sido um dos seus maiores estudiosos, não abrindo mão nunca do cumprimento dos regulamentos institucionais. Sua rigorosidade certamente acabou por desagradar a alguns dos seus irmãos que não estavam habituados a obedecer aos regulamentos da organização a que pertenciam, o que acabou por gerar alguma animosidade internamente. Esta sua maneira de ser e de agir era tanto no trabalho com colegas e clientes, como em sua casa com a família, com seus irmãos na maçonaria e na sua vida social com amigos, isto é, na vida pessoal e na profissional. Nicolau Jorge Bittar foi um baluarte e um expoente na defesa da moralidade e da dignidade da maçonaria. Foi, sem dúvida alguma, o sustentáculo, a fortaleza e a última trincheira na defesa da organização a que pertenceu por toda a sua vida. Após um longo período de enfermidade Nicolau Bittar veio a falecer em 17/06/10 na cidade de Uberlândia-MG. Trasladado por sua vontade para São João da Boa Vista foi sepultado no mesmo dia, ocasião em que foi homenageado pelos seus irmãos maçônicos sanjoanenses. Esta figura que procurei retratar vagamente é meu pai, do qual guardo as maiores lições de amor à família e ao próximo bem como guardo inclusive as melhores recordações. Nicolau, como eu o chamava carinhosamente, foi o maior incentivador das minhas escrevinhações. Agora o grande guerreiro descansou. Sua voz silenciou. No interior desse silêncio continuo ouvindo sua voz querido pai. Sinto sua falta Nicolau, também da mamãe e do Alaor. Tenho plena certeza que assumiu uma nova missão designada pelo Grande Arquiteto do Universo e, certamente, muito mais importante. Agora meu pai, você está em outro plano e em melhores companhias. Você está com minha mãe Aziza - sua amada esposa - e seu filho Alaor – meu amado irmão. Vibramos daqui por você, por minha mãe e pelo Alaor, pois sabemos que poderemos contar com sua proteção onde quer que estejam hoje e sempre.
Afif Bittar – Sociólogo – Especialista em Psicologia Social – Consultor de empresas em Administração Geral e em Recursos Humanos. (28/06/10).
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