terça-feira, 27 de novembro de 2012

O Bom Chefe Gosta de Quem Desobedece?


Como chefes e subordinados muitos de nós andamos em uma linha tênue entre deveres que agradam a nossos superiores e os riscos que agradam a nós mesmos. O dilema é se você deve seguir a risca todas as ordens do seu chefe ou exibir sua criatividade, mesmo quando isso significa entrar em choque com o superior? Sendo você o chefe, deve exigir que os subordinados façam tudo do modo que você quer? As alternativas em favor da criatividade andam mais na moda, porém não são muitos os chefes que aceitam sugestões criativas dos seus subordinados. Nos anos dois mil, Jack Welch, então diretor presidente da General Eletric exortava seus funcionários a “chacoalharem, agitarem, botarem pra quebrar”. “Isso é mais difícil porque significa abrir mão do controle”, diz Lee Fiedler, diretor aposentado da Kelly Springfield Tire Co., uma divisão da Goodyear. “Mas os administradores que tentam dizer aos empregados o que devem fazer e como fazer, para cada detalhe, acabam ficando apenas com os medíocres, porque os talentos não irão se submeter a controles.” A atitude menos impositora implica em ouvir os empregados, perguntar o que pensam sobre cada projeto, de modo a levá-los a pôr o coração na tarefa. Na metade da sua carreira como executivo industrial, Fiedler diz ter percebido que a melhor maneira de estimular a criatividade em seus empregados – e ter ele próprio mais diversão e sucesso no trabalho – era encorajá-los a “fazer as coisas da maneira deles, e à minha”. Quando ele se tornou chefe na Kelly Springfield evitava definir metas específicas. Ao invés disso, simplesmente apontava aos gerentes as direções gerais para onde ele acreditava que a companhia deveria mover-se. Fiedler diz: “Se você deseja um retorno de 5%, isso é tudo que vai conseguir, ao invés de fazer 10%”. Quanto mais ele encorajava os funcionários a tomarem a iniciativa e não se preocuparem em agradar a ele, o chefe, melhorava ainda mais a qualidade e a produtividade do trabalho da equipe. Fiedler observou que chefes muito mandões podem ser muito piores do que chefe nenhum. Diz ainda ter notado em sua carreira que algumas divisões operavam melhor quando ficavam sem o chefe por algum tempo.
Mas então, o que fazer quando se tem um chefe mandão? “Fique o mais longe dele que puder”, aconselha Fiedler. Com sorte o chefe mandão vai acabar intervindo a favor dos empregados criativos, como o próprio Fiedler diz ter feito em algumas ocasiões. Acima de tudo diz Fiedler, é preciso afastar a possibilidade de punição. “Você deve punir as pessoas que fazem algo errado, algo antiético, ou se elas não põem nenhum esforço no trabalho. Mas você não pode nunca punir pessoas que falharam porque tentaram fazer algo que não seu certo”.

Texto original de Carol Hymourtz publicado originalmente no “Estadão” e transcrito por mim com pequenas alterações.

Afif Bittar – Sociólogo – Especialista em Psicologia Social – Consultor de empresas em Administração Geral e em Recursos Humanos.    afifbittar.blogspot.com  (03/12/09).  

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