Como chefes e subordinados muitos
de nós andamos em uma linha tênue entre deveres que agradam a nossos superiores
e os riscos que agradam a nós mesmos. O dilema é se você deve seguir a risca
todas as ordens do seu chefe ou exibir sua criatividade, mesmo quando isso
significa entrar em choque com o superior? Sendo você o chefe, deve exigir que
os subordinados façam tudo do modo que você quer? As alternativas em favor da
criatividade andam mais na moda, porém não são muitos os chefes que aceitam
sugestões criativas dos seus subordinados. Nos anos dois mil, Jack Welch, então
diretor presidente da General Eletric exortava seus funcionários a “chacoalharem,
agitarem, botarem pra quebrar”. “Isso é mais difícil porque significa abrir mão
do controle”, diz Lee Fiedler, diretor aposentado da Kelly Springfield Tire
Co., uma divisão da Goodyear. “Mas os administradores que tentam dizer aos
empregados o que devem fazer e como fazer, para cada detalhe, acabam ficando
apenas com os medíocres, porque os talentos não irão se submeter a controles.”
A atitude menos impositora implica em ouvir os empregados, perguntar o que
pensam sobre cada projeto, de modo a levá-los a pôr o coração na tarefa. Na
metade da sua carreira como executivo industrial, Fiedler diz ter percebido que
a melhor maneira de estimular a criatividade em seus empregados – e ter ele
próprio mais diversão e sucesso no trabalho – era encorajá-los a “fazer as
coisas da maneira deles, e à minha”. Quando ele se tornou chefe na Kelly Springfield
evitava definir metas específicas. Ao invés disso, simplesmente apontava aos
gerentes as direções gerais para onde ele acreditava que a companhia deveria
mover-se. Fiedler diz: “Se você deseja um retorno de 5%, isso é tudo que vai
conseguir, ao invés de fazer 10%”. Quanto mais ele encorajava os funcionários a
tomarem a iniciativa e não se preocuparem em agradar a ele, o chefe, melhorava
ainda mais a qualidade e a produtividade do trabalho da equipe. Fiedler
observou que chefes muito mandões podem ser muito piores do que chefe nenhum.
Diz ainda ter notado em sua carreira que algumas divisões operavam melhor
quando ficavam sem o chefe por algum tempo.
Mas então, o que fazer quando se
tem um chefe mandão? “Fique o mais longe dele que puder”, aconselha Fiedler.
Com sorte o chefe mandão vai acabar intervindo a favor dos empregados
criativos, como o próprio Fiedler diz ter feito em algumas ocasiões. Acima de
tudo diz Fiedler, é preciso afastar a possibilidade de punição. “Você deve
punir as pessoas que fazem algo errado, algo antiético, ou se elas não põem
nenhum esforço no trabalho. Mas você não pode nunca punir pessoas que falharam
porque tentaram fazer algo que não seu certo”.
Texto original de Carol Hymourtz
publicado originalmente no “Estadão” e transcrito por mim com pequenas
alterações.
Afif Bittar – Sociólogo –
Especialista em Psicologia Social – Consultor de empresas em Administração
Geral e em Recursos Humanos. afifbittar.blogspot.com (03/12/09).
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