“Cada Um por Si e Deus por Todos”, esta era a palavra de ordem
usada em um passado recente. Estou lembrado que na década de 70 diziam-se muito
frases que hoje considero estarrecedoras, do tipo: “Cada um na sua e eu estou
na minha”. Hoje não se ouve muito esta expressão absurda, burra e estarrecedora
em virtude de estarmos vivendo novos
tempos, muito embora saibamos que ainda
nos dias de hoje existam indivíduos que pensam e agem desse mesmíssimo modo. O
individualismo e o personalismo deveriam estar praticamente extintos e
erradicados nas empresas, dando lugar a um novo tempo, uma nova época, onde os
valores comunitários, os valores do grupo social no qual você está inserido e
interagindo com seus colegas, são bem outros. Nos grupos sociais em qualquer
organização existe uma interdependência entre seus membros onde os objetivos
dos grupos sempre prevalecem sobre os desejos, vontades e interesses pessoais, individuais.
No trabalho somente faz gol aquele que joga em equipe. O individualismo pega mal nos
dias de hoje. O “Eu” ou “a gente” deveria
perder a vez e a voz, só se deveria falar “NÓS”.
Os problemas vivenciados nos dias de hoje são diametralmente diferentes dos
vividos há 30, 40 e até 50 anos atrás. Os problemas atuais possuem múltiplas
caras, inúmeras complexidades e são, na maioria das vezes, desconhecidos. Eles
acontecem inesperadamente, são imprevisíveis e ocorrerem simultaneamente em
diferentes áreas da empresa. A organização poderá contar com profissionais
extremamente competentes e envolvidos nas diversas e diferentes atividades e tarefas
e, desse modo, haverá maiores chances de que o trabalho final deva apresentar a
melhor qualidade a tempo e a hora. Ocorre que o segredo do sucesso final não
reside apenas nos talentos individuais, mas sim na maneira como esses talentos
todos interagem, se integram e se complementam entre si e grupalmente. Sabemos que
as pessoas são absolutamente diferentes, não só na aparência, mas,
principalmente, na personalidade de cada um, no seu modo de ser, de se
comportar, no nível de conhecimento geral e específico da sua profissão e escolaridade, contudo, o que
de fato irá determinar o andamento da missão da equipe se os objetivos foram
atingidos com a qualidade e quantidade exigidas, dependerão ainda da qualidade
da interação e integração entre todos os fatores apontados como características
individuais. As pessoas são absolutamente interdependentes e se complementam. É
a lei da complementaridade que é fundamental para toda organização. Isso
significa que certas qualidades individuais ditas como negativas em certa
pessoa, como por exemplo, audácia, pode se transformar em positiva em outra
pessoa para compensar um membro extremamente cauteloso. Neste caso a vice-versa
é verdadeira. Assim pode-se dizer que as energias que regulam o trabalho em uma
equipe são diferentes daquelas que influenciam as atividades individuais, donde
pode-se concluir que nem sempre o que funciona bem em um contexto é válido em
outro. Nas empresa geralmente encontramos verdadeiros feudos, panelinhas e raramente vemos equipes. Os feudos e panelas geralmente criam problemas ao invés de
resolvê-los. Os mecanismos dos times ou
equipes diferem muito dos feudos e
panelas. O que se deve fazer é
desmontar esses feudos e atraí-los para compor as novas equipes. Este deverá
ser um trabalho de reforma e reconstrução. As equipes tem a missão de aglutinar
pessoas, a se apoiarem mutuamente e mobilizarem suas competências a fim de
atingirem objetivos comuns. A união dos valores individuais e das competências
faz com um time de futebol ganhe um jogo. Em um jogo de futebol, basquetebol ou
voleibol, um atleta complementa e valoriza o outro. Quando um jogador faz um
gol, uma cesta ou um ponto, os demais correm para o abraço. A equipe tem uma
única missão, ganhar o jogo. Na empresa deveria funcionar do mesmo modo,
entretanto, sabemos que não é bem assim. Sempre que duas ou mais pessoas se
reúnem, não importando onde, podendo ser no campo de futebol ou em uma quadra
de basquete, abre-se um espaço para o surgimento da liderança. Este espaço nunca fica e nem deverá ficar vago. Caso o
legítimo líder, por competência e por direito, não assuma seu papel, outro
indivíduo, talvez um oportunista, irá tomar posse do lugar vago. E quem sabe
desfazer tudo que foi construído com muito sacrifício.
Um grupo de pessoas, bem preparado e funcionando como uma verdadeira equipe
torna-se em uma ferramenta poderosa, trabalhando pelo crescimento e
desenvolvimento da empresa.
Afif Bittar – Sociólogo –
Especialista em Psicologia Social – Consultor de empresas em Administração
Geral e em Recursos Humanos. afifbittar.blogspot.com (03/06/10).
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