quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Moralidade e Corporativismo.


O Dicionário Houais da Língua Portuguesa apresenta as seguintes definições para:
1) Moralidade: é um conjunto de princípios morais como a virtude, o bem, a honestidade etc., socialmente estabelecidos em determinada época. O contrário disso é indecência;
2) Corporativismo: é uma doutrina que considera os agrupamentos profissionais como uma estrutura fundamental da organização política, econômica e social e preconiza a concentração das classes produtoras em forma de corporações tuteladas pelo Estado. É ainda a defesa exclusiva dos próprios interesses por parte de uma categoria funcional. Pode-se classificar ainda como o legítimo espírito de corpo. Aqui se encontram muitos membros da casta política brasileira cuidando exclusivamente de seus próprios interesses.
Corporativismo e moralidade campeiam há muitos e muitos séculos neste território. E por que isso? Ora, aqueles cujo povo escolheu como seus representantes no poder legislativo não os representam coisa alguma. Tudo que acontece seja no legislativo ou no executivo será sempre através da barganha, isto é, por meio de uma troca de favores. Para que haja essa tal troca de favores entra em ação uma patê de uma oração de São Francisco de Assis: “É dando que se recebe”. Foi quando maus brasileiros do Congresso Nacional vilipendiaram, ultrajaram, rebaixaram o nobre São Francisco de Assis. Muitos deles estão empoleirados no poder há décadas. Legislam sempre em benefício próprio concedendo a si mesmos muitas vantagens e aumentos salariais exorbitantes. Gozam de quinze meses de férias, ou seja, os doze meses do ano mais três meses de recesso parlamentar, mais três de salários de gratificação, além das demais verbas, garantindo-lhes polpudas ajudas de custo e de outras mil mordomias mais. Vejamos como ocorre o processo seletivo tanto no poder Executivo como no Legislativo. Façamos uma ligeira análise comparando o processo de escolha de Ministros, Secretários e Assessores de ambos os poderes com a seleção de um executivo qualquer em uma empresa privada. Imagine-se no papel de um Diretor Vice-Presidente de uma instituição financeira. Você necessita contratar um Diretor para a área de investimentos de sua organização. Quais deverão ser suas providencias? a) Contratar uma empresa de “Head Hunter”. O mercado de recrutamento e seleção de pessoal possui indivíduos conhecidos por “head hunter”. São profissionais especializados na identificação, localização, recrutamento e seleção de executivos e demais profissionais gabaritados. Empresas privadas se utilizam desse processo. b) A empresa responsável pela seleção do profissional, após incessante procura, localização e identificação dos prováveis candidatos deverá tomar as seguintes providências: levantar fichas cadastrais dos candidatos na polícia civil, polícia federal, em cartórios de protestos e judiciais, no SPC, recolher informações nas empresas onde os candidatos tenham trabalhado, procurando saber atividades desenvolvidas, cumprimento de metas e objetivos, como se relacionavam com seus pares, superiores e subordinados, bem como seu relacionamento externo com empresas concorrentes, fornecedores e órgãos governamentais, datas de admissão e demissão, bem como motivos dos desligamentos. Não acredito que os Governos Federal, Estaduais e Municipais adotem esses procedimentos na admissão de qualquer de seus funcionários que exerçam cargos de confiança. A história é testemunha de fatos passados e revela que os donos do poder transformaram o País em uma ação entre amigos. Em seleção profissional existem testes e entrevistas técnicas que procuram revelar os conhecimentos do candidato, mostrando seu passado e seu provável comportamento no futuro. Não se pode confiar apenas no seu “olho clínico”, no “feeling”, na percepção e na sensibilidade.  Nas empresas privadas em que trabalhei toda minha vida, Diretores, Gerentes e Chefes em geral, respondem pelas ações de seus subordinados. Isto nunca ocorreu e nem irá ocorrer no serviço público.  

Afif Bittar – Sociólogo e Especialista e Psicologia Social. Consultor de empresas em Administração Geral e em Recursos Humanos.    (19/02/04). 

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