Todos sabem suficientemente bem que uma empresa, qualquer que seja seu ramo de atividade, sempre terá como medida do resultado de seu desempenho o produto final do trabalho dos seus funcionários, considerando obviamente, os aspectos de qualidade e quantidade da produção de cada indivíduo, cada pessoa. Do mesmo modo é medido também o desempenho da administração de uma cidade, de um estado de um país, independentemente do seu tamanho. Muitas empresas, em passado recente, deixaram de existir, foram se consumindo aos poucos, como resultado das más administrações dos seus gestores, restando nos dias atuais apenas suas carcaças, tendo em vista que a carne foi consumida por administrações nada comprometidas com gestão da competência. A autofagia de uma cidade também é resultado do baixo, ridículo, deficiente, falho e deficitário desempenho da administração pública, sem tocarmos na ferida da honestidade do homem público. Sabemos que no seio dessa categoria, existe o político sério e honesto, contudo, não é a exceção que mais se destaca, pois como sabemos o honesto nesse meio é uma raridade. Os maus gestores dominam os três níveis da administração pública. A deterioração vai consumido as cidades começando pela educação, justamente a que deveria ser a prioridade número um de todo governo. Nos dias atuais é muito comum que as autoridades joguem, umas nos colos das outras a responsabilidade por este ou aquele problema, seja saúde, educação, segurança pública ou outro. E assim o tempo passa e o povo se esquece rapidamente, inclusive da sua fome. Sabe-se que povo mal alimentado não tem memória. O que pretendo destacar neste meu comentário é que todas as fundamentais questões deste País não são tratadas com a devida seriedade. E quais são estas questões? Vejamos: Saúde, em coma há centenas de anos; Educação, que fugiu da escola; Transporte Público, que apenas serve aos empresários; Segurança Pública, fugindo dos marginais e pedindo socorro; Ruas e Rodovias, esburacadas, abandonadas e mal conservadas; Corrupção, dominando os três níveis da administração pública; INSS, sempre em greve e desrespeitando o contribuinte; Desemprego, um mal muito antigo e nunca resolvido. Desvio de verbas públicas, antiga prática de velhos e novos políticos e de gestores da administração pública; Políticos gananciosos recebendo altíssimos salários e regalias que o trabalhador comum, aquele que realmente trabalha e produz riquesa não tem; Impunidade, que é uma prática muito comum no País com a conivência e omissão das autoridades policiais e judiciais. OMISSÃO, esta prática é o pior de todos os pecados do administrador público e de qualquer que seja o cidadão. É sabido que aquele que omite é CÚMPLICE, SÓCIO E PARCEIRO do outro, pois colaborou na realização de um delito ou ato ilícito não agindo como deveria, isto é, ter denunciando. A Corrupção continua sendo o mal maior deste País. O descaso, desinteresse, falta de vontade política ou mesmo incompetência das autoridades quando não cumprem as regras do jogo aplicando as sanções e punições devidas, criam nos infratores a sensação da impunidade levando-os e incentivando-os à prática de delitos mais graves. O pior é que esta prática estimula outros indivíduos a agirem do mesmo modo. Estes são os principais alimentos para a autofagia de uma sociedade, tendo em vista que a população passa a considerar normal a prática de atos de vandalismo e de desrespeito às regras e normas do comportamento social vigente. Omissão, negligência, corrupção e impunidade das autoridades conduzem a um processo de autofagia, em que a sociedade passa a nutrir-se da sua própria carne. Assistimos estarrecidos à cenas de ataques de marginais contra postos e viaturas policiais. As autoridades informam que agirão com o máximo rigor na punição dos responsáveis. Por que empreender luta contra essa gentalha somente agora e não desde sempre? Assim crescem e florescem o banditismo, aumenta o índice de criminalidade, assaltos e roubos tornando-se manchetes da mídia a toda hora. A insatisfação da população é geral, porém ela se cala, pois os responsáveis pela solução do problema nada fazem. Elaborar “BO” para que se de nada vale? O crime, o poder paralelo toma conta da sociedade. Cidades grandes e médias estão se tornado autofágicas. Assim como o homem público, o empresário deve ficar atento para que sua empresa não se torne também mais uma vítima da autofagia.
Afif Bittar – Sociólogo e Especialista em Psicologia Social – Consultor de empresas em Administração Geral e em Recursos Humanos. (15/01 65).
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