Temos, ao longo dos anos, acompanhado o desenrolar da história da humanidade, a evolução e desenvolvimento das sociedades em geral, ascensão e queda de governantes e de países em todo o planeta. Em nossas observações, com muita tristeza, não conseguimos distinguir, sequer, um único país ou uma única sociedade totalmente democrática. Essa tão decantada democracia total é absolutamente utópica. Homem absoluta e totalmente livre não existe em nenhuma parte do sistema solar, quiçá de todo o universo. Tal sociedade continuará sendo um bem inatingível e, se por acaso for encontrada, deverá ser uma utopia. Freud em toda sua vastíssima e completa obra psicanalítica já dizia que o homem para ser livre teria que se tornar mais racionalmente consciente e, para tanto, deveria recorrer à ajuda de uma terapia, quando então teria oportunidade de atuar na sua vida cotidiana com maior liberdade. As idéias de liberdade no mundo de hoje parecem ser ambíguas, seja na sociedade capitalista ou na sociedade comunista, de acordo com o sociólogo C. Wright Mills, em sua obra “A Imaginação Sociológica” - Zahar Editores – Rio de Janeiro - 1975 - O comunismo em sua linha principal preconiza: os homens colhidos na anarquia irracional da produção devem tornar-se racionalmente conscientes de sua posição na sociedade, devem tornar-se “conscientes de classe”. Esta linha do marxismo é tão racionalista quanto as idéias capitalistas. Os acontecimentos mundiais indicam porque as idéias de liberdade parecem ambíguas tanto na sociedade capitalista como na sociedade comunista. O marxismo com freqüência vem se tornando uma retórica cansativa de defesa e abuso burocráticos. Karl Marx jamais, em tempo algum, estudou, analisou ou mesmo pensou nos problemas dos países chamados sub-desenvolvidos, onde uma imensa parcela da população sobrevive de forma miserável, parecendo verdadeiros animais, buscando alimentos nos lixões das cidades. Esses pobres indivíduos que lutam para sobreviver a cada dia não foram catalogados por Marx em seus estudos. Ainda, de acordo com Marx, os homens constroem sua própria história, entretanto, não a fazem nas condições escolhidas por eles. Aqueles que decidem, os chamados líderes e intelectuais, são os que tomam todas as decisões onde os maiores interessados não são sequer ouvidos. É a ditadura da minoria. O Brasil vive, faz muito tempo, uma ditadura do legislativo e do sindicalismo. O povo seja qual for o regime, democrático/capitalista ou socialista/comunista/marxista-leninista, será sempre massa de manobra, sendo conduzido por líderes impostos pelo voto nada consciente da maioria ou pela força da baioneta. A ideologia socialista/comunista/marxista surgiu no início do século XIX elaborada por Karl Marx e Friedrich Engels. Eles basearam-se na economia política de sua época bem como na filosofia idealista alemã de Hegel e na tradição do pensamento socialista inglês e francês (socialismo utópico). Esta ideologia, apesar de sofrer revisões freqüentes, ampliando e complementado seus pensamentos e sua própria ideologia, parece não ser suficiente para acomodar os diferentes pensamentos dos membros dos partidos de esquerda do Brasil. Assistimos quase que diariamente a desentendimentos entre seus componentes que discordam de pontos de vista que deveriam ser questão fechada. Estas brigas intestinas acabam culminando na expulsão de um e outro membro mais radical do partido. A ideologia que em tese deveria unir o grupo acaba afastando, desagregando seus componentes, não produzindo a tão propalada união de classes preconizada e decantada pelos ideólogos do partido. O que se observa é que os pregadores desses partidos não costumam por em prática tudo aquilo que divulgam como suas teses e idéias tiradas dos ideários comunistas. O conjunto de idéias da doutrina funciona muito bem apenas teoricamente, contudo, na prática, deixa a desejar, haja vista que até seus pregadores costumam dar a volta por cima, driblando seus mestres. Se o velho Marx ressuscitar deverá ter um enfarte ao saber o que os ditadores Fidel Castro, Evo Morales e Hugo Chaves fizeram com os ideais marxistas na tentativa de tornar seus países repúblicas socialistas. Eles na verdade conseguiram implantar uma forte ditadura de esquerda eliminando toda e qualquer oposição ao seu governo. A prática difere do discurso.
Afif Bittar – Sociólogo – Especialista em Psicologia Social – Consultor de empresas em Administração geral e em Recursos Humanos. (30/10/04).
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