quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Censura


Como confiar em um governo que censura seus órgãos de comunicação e informação, deformando e deturpando totalmente fatos e notícias, maquiando-os totalmente, manipulando e tornando-os absolutamente inverossímeis, ou ainda, omitindo em parte ou na sua totalidade determinados fatos, ocorrências e acontecimentos que poderiam comprometer a atuação de membros desse mesmo governo ou do seu partido em determinado evento? Um rumoroso caso desse tipo de atitude de um regime de governo autocrático de esquerda aconteceu na China, quando, em seu discurso de posse, o presidente Obama dos Estados Unidos fez uma referência ao comunismo. Isso bastou para que a TV chinesa, através dos censores governamentais, omitisse e cortasse partes do discurso do presidente norte americano. Lamentável e deplorável sob todos os aspectos e pontos de vista. Onde está a liberdade de imprensa, a liberdade de receber informações venha ela de onde vier. Onde fica a necessidade que as pessoas têm de serem informadas sobre as ocorrências e fatos do dia-a-dia, como por exemplo: contaminação e poluição da água, do ar e dos alimentos, desastres em minas de carvão, terremotos, corrupção, desastres ecológicos que afetam as existências e vidas dos cidadãos, seja no seu território ou em qualquer parte do planeta. Este e outros crimes são regularmente praticados por regimes de governos totalitários sejam de direita ou de esquerda. Países como Coréia do Norte, China, Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador, Iran, Líbia e muitos outros, todos muito chegados ao governo brasileiro, não devem merecer muito nossa atenção, pois seus representantes não costumam respeitar o ser humano na sua plenitude, na sua integralidade. Como confiar em um órgão de imprensa que censura seus articulistas, impedindo que a verdade seja dita ao seu público? Particularmente fui censurado por três órgãos de imprensa desta cidade. Em um deles acredito que o motivo foi discriminação racial em razão de minha origem árabe e nos demais foi por razões políticas. De acordo com o Dicionário Houaiss da língua portuguesa, a censura nada mais é que o ato de examinar trabalhos de cunho artístico ou informativo e, geralmente, têm base em critérios de caráter moral ou político para decidir sobre a conveniência de serem ou não liberados para apresentação ou exibição ao público em geral. Trata-se, no fundo, de uma restrição à publicação de informações, pontos de vista ou produções artísticas com base nesse exame. Aqueles que viveram nos tempos dos governos militares podem relatar muitos momentos presenciados, vividos e convividos com os censores dos da época.  Naquele período eu cursava na cidade de São Paulo faculdade de sociologia e tive minha liberdade de expressão tolhida pelos espiões do antigo SNI. Minha tentativa de criar um grêmio estudantil foi prontamente barrada pelas autoridades militares. Fui delicadamente conduzido até a sala do diretor da faculdade e orientado a desistir da formação do grêmio estudantil, bem como de produzir um jornal interno voltado a defender os interesses da classe estudantil. Posso atribuir esse tipo de procedimento e de atitudes de determinados indivíduos, os quais são verdadeiros líderes nos seus segmentos profissionais, como políticos, empresários, militares, intelectuais, como sendo medo da verdade ou então comprometimento com “companheiros” ou parceiros em batalhas travadas nas intermináveis lutas pelo poder, bem como nas negociatas mantidas nos subterrâneos dos palácios governamentais. Esses indivíduos não são, na minha modesta opinião, nada merecedores de confiança. Cuidado senhores empoleirados no poder, um dia a casa cai e a verdade vem à tona. Peço-lhe que tenha cuidado com a informação que recebe. Consulte a origem e credibilidade da fonte. Sabe-se que todos os veículos de informação, formadores de opinião, são controlados e dominados ou pelo poder econômico ou político, esses dois poderes são, no fundo, um único. Sabe-se ainda que o poder político é dominado pelo poder econômico. Pergunto: Em quem confiar? Nesse caso o que se deve fazer? Vamos deixar que o tempo responda a essa pergunta. Desde os primórdios da civilização, desde o início do planeta é assim que os sistemas funcionam. Tem sempre alguém dominando e controlando alguém. Em suma desejo destacar que não é à toa que o poder corrompe. Os interesses e interessados financeiros são muitos, inúmeros mesmo, são milhares de milhões chegando aos bilhões de dólares. É muita “grana” envolvida em negociatas. Os indivíduos se matam na luta pelo poder e pela “grana”. Essa mesma “grana” que, de acordo com o que disse o nosso querido poeta, compositor e cantor Caetano Veloso em sua magnífica obra Sampa: “O homem ergue e destrói coisas belas”.
Dizem que a mentira tem perna curta. Será verdade? Duvido. A mentira quando repetida muitas vezes acaba virando verdade e até seu próprio criador acaba acreditando na própria mentira.

Afif Bittar – Sociólogo – Especialista em Psicologia Social – Consultor de empresas em Administração Geral e em Recursos Humanos.          (30/01/09)

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