quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A Violência no Trabalho III.


Um chefe brutal arruína todo e qualquer ambiente de trabalho. Esse tipo neurótico contamina e deteriora muito rapidamente o clima organizacional da empresa através do terrorismo gerencial. Os danos que esse indivíduo pode provocar são inúmeros. A comunicação interna é truncada e confusa. Os subordinados não falam a verdade, filtram a informação, escondem a verdade dizendo apenas o que o chefe deseja ouvir. A motivação é zero. Pode-se dizer que a necessidade do emprego e do salário são os únicos fatores que seguram os funcionários na empresa. O foco no negócio foi para o espaço. Os empregados preocupam-se com o chefe e não com a instituição. A lealdade é destruída. Os colaboradores ficam com raiva da empresa, pois para eles a empresa é aquele chefe neurótico. A criatividade desaparece, o estresse aflora, o equipamento mental se desarticula e passa a ser utilizado negativamente na empresa, já que o chefe é a empresa e, num segundo momento aquela criatividade positiva que poderia ser direcionada para a organização passa a ser usada negativamente contra o chefe. As pessoas que tiveram pela frente chefes dessa natureza sabem do falamos. Pessoalmente conheci alguns por onde andei. Quando o ambiente de trabalho é opressivo e o clima é de terrorismo as pessoas ainda conseguem ser criativas, sim, criativas, mas para sabotar. Desse modo, as empresas que investem nos seus recursos humanos com treinamento e desenvolvimento, salários, benefícios além de outros mais, não obtêm o retorno desejado, pois o investimento não se refletiu na capacidade produtiva. A criatividade que acabou foi um dia considerada o “ponto chave” na competição entre as empresas, tanto no mercado nacional como no internacional, acabou sendo destruída por um chefe neurótico. Os empresários têm que mudar, criar, inventar, derrubar paradigmas, serem criativos para serem competitivos. Como conseguir isso? Ora, quem muda, quem cria, quem compete, quem transforma, quem inventa senão o ser humano, as pessoas, o capital humano. Chefes violentos anulam todas as possibilidades de um melhor aproveitamento desse capital essencial, o mais importante de qualquer organização. O funcionário deve sentir prazer em estar na empresa trabalhando todos os dias, caso contrário a organização estará perdendo talentos e terá inúmeras dificuldades na sua reposição. Os modelos rígidos de gerenciamento funcionaram com eficácia nos séculos passados, nos primórdios da civilização, no período da revolução industrial. Nos dias de hoje esse tipo de chefe é raro, contudo eles existem disfarçadamente, travestidos, estão vivos e atuantes na sua capacidade de ação de chefiar mal porque algumas companhias apreciam e até incentivam esses modelos em desuso há muito tempo. Você quer saber por quê? Porque podem ser úteis. As empresas dizem que desejam líderes que promovam a autonomia, motivem a equipe e desenvolvam pessoas. Quando surge uma crise qualquer são os primeiros a recorrer a chefes que mantenham a ordem, ameacem a equipe e gerem resultados a qualquer custo. Existem multinacionais que, por terem pouco compromisso com os países onde estão suas filiais, só se interessam em saber se a empresa está dando lucro. Se o lucro é satisfatório então ótimo, pois é o que interessa. Os maus chefes estão girando por aí, pelas organizações em geral. Sua má conduta dificilmente chega ao conhecimento dos superiores. Como proceder para colocar um ponto final nessa trágica situação? Vejamos: Um bem montado Sistema de Avaliação de Desempenho conhecido como 360º, onde chefes avaliam subordinados e estes avaliam seus superiores. Esta é sem dúvida uma arma eficaz da empresa contra a tirania de um mau chefe. Assim a empresa está garantindo ao subordinado a possibilidade de emitir uma opinião e um julgamento sobre seu supervisor. Esses chefes doentios devem passar por treinamentos específicos onde seja destacada a necessidade de incentivar e permitir o crescimento das pessoas. Outro recurso é a Entrevista de Desligamento onde os funcionários possam relatar sobre seus relacionamentos com colegas e chefes e outras questões onde terão liberdade de opinar sobre a empresa. Deve-se ainda aplicar a cada dois anos uma pesquisa sobre Clima Organizacional que deverá acusar os pontos onde a empresa a empresa não vai bem, está realmente fraca.
Inspirado e modificado em texto de Maria Amália Bernardi: Chefes Brutais.

Afif Bittar – Sociólogo – Especialista em Psicologia Social – Consultor de empresas em Administração Geral e em Recurso Humanos.    (11/01/10). 

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