Grandes organizações, especialmente
as multinacionais, sempre foram e, sem nenhuma dúvida, continuam sendo
extremamente zelosas e cuidadosas na manutenção de uma imagem discreta, bem
como de uma conduta correta na comunidade local e na sociedade global como um
todo, evitando possível acusação de se valerem da sua força e do seu poderio
econômico, financeiro, científico e tecnológico, sem considerar a real
competência dos seus recursos humanos, além da sua vasta rede de influências
junto aos governos nos países onde atuam. Tal poderio pode e costuma ser muito
bem utilizado por um sem número de empresas e empresários a fim de exercer sua
força econômica e política, corrompendo, através dos seus vastos recursos
financeiros, indivíduos inescrupulosos, maus políticos, com o objetivo de se
beneficiarem com determinadas isenções fiscais, constituindo cartéis e
monopólios de produtos essenciais, seja através de fusões e/ou aquisições de
empresas concorrentes, alijando muitos de seu rivais do mercado. De uns anos a
esta parte, nota-se um enorme movimento de revalorização do papel desempenhado
pelas empresas. Isto se deve em parte ao capitalismo que passou a ser encarado
como única via capaz de promover o desenvolvimento econômico, o qual passa a
assumir um papel predominante na sociedade empresarial e política, subordinando
todas as demais necessidades sociais, inclusive nos países ditos socialistas
e/ou comunistas. Homens e mulheres vivem atualmente uma séria crise de
identidade. Muitos não se deram conta da real situação em que nos encontramos.
Ocorre que algumas organizações, através de massificante campanha das diversas
mídias, assumiram papéis de protetoras da humanidade. Desde então surgiu a
empresa “cidadã”, a empresa “excelente”, a empresa “jovem”, a empresa “ética e guardiã
da moral” entre outras. Como a propaganda é a alma do negócio, a massiva
divulgação desses gêneros de organizações gerou enorme expectativa nas pessoas.
Começa desse modo a construção e a criação de uma nova imagem das velhas e
envelhecidas empresas. São as mesmas organizações com novas vestimentas, novas
maquiagens, nova mentalidade para atrair novos clientes e novos funcionários
que atendam e aceitem uma nova cultura recém nascida. É a mesma e velha empresa
de “cara nova e maquiada” que acaba de ser submetida a uma cirurgia plástica total.
De fato essa estratégia funcionou perfeitamente, pois como é sabido, até mesmo
uma grande mentira, quando difundida seguida e freqüentemente, passa a ser
vista como uma verdade, já que até seu próprio mentor passa a acreditar nela. Vivemos
hoje em uma sociedade em que, permanentemente, se valoriza e muito, a imagem da
aparência, da superficialidade, do consumo desenfreado e desregrado e, em um
contexto desse tipo, as empresas acabam encontrando um fértil terreno para
afirmarem-se como expoentes que propõem uma nova e vitoriosa forma de vida, de
pleno sucesso com uma nobre missão a se realizar. Atraídos pelas novas
promessas os jovens e vaidosos executivos correm em busca do novo “eldorado” oferecido
pelas recauchutadas organizações. Assistimos a todo momento empresas e nações
travando batalhas e guerras comerciais e de palavras. Alguns malucos se dão
tiros de lá e de cá, invadindo, sem cerimônia, este e aquele país sob o
pretexto de levar àquele sofrido povo a liberdade democrática. Para justificar
suas atitudes utilizam-se das mais deslavadas mentiras. Por trás de tudo isso
está a maior máquina de propaganda do universo, a informática, a mídia escrita,
falada e televisada, utilizando-se de satélites de comunicação e da Internet,
construindo as imagens dos líderes das mais poderosas nações do mundo como
sendo os únicos e verdadeiros defensores da democracia do planeta. Qualquer
semelhança com alguns políticos brasileiros não terá sido mera coincidência.
Acreditem, isso acontece com muita constância e, infelizmente, continuará
ocorrendo por muito tempo mais. Todos convivemos com esse clima sem que
possamos exercer nosso papel de atores no palco dessas batalhas. Eu faço aquilo
que posso, denuncio. Mudar é um processo contínuo e permanente. As empresas que
desejarem superar suas dificuldades e crises administrativas, comerciais e de
qualquer outro gênero, deverão incorporar ao seu “modus operandi”, o espírito e
o desejo da dinâmica da mudança e das transformações aceleradas que assolam o
mundo moderno. Mudar é estar em sintonia
com o atual processo de grandes
transformações por que passa toda a humanidade, filtrando e selecionando o que
existe de melhor, desse modo
aprendendo com os mais experientes, também com os próprios erros e também com
os erros das outras pessoas. Um grande número de empresas existentes hoje no
mercado internacional certamente foi concebido, criado e desenvolvido há muitas
décadas. Seus traços culturais foram forjados e alicerçados ao longo de décadas
quando o ambiente em que viviam sofria pouquíssima ou praticamente nenhuma
pressão para mudança. A concorrência era praticamente nula. A vida daquelas
empresas transcorria calma e tranqüilamente em um delicioso ambiente de muita
paz e de pressão quase zero de raros concorrentes. Hoje, em oposição ao que ocorreu no passado
recente, o clima instalado é absolutamente diverso. Há um mercado nervoso,
altamente competitivo, onde os competidores travam acirradas lutas por pequenos
espaços no duro, difícil e hostil mercado consumidor, mercado este em que as pequenas
organizações sobrevivem com sérias dificuldades e, não raro, estão em lento,
porém em contínuo processo de extinção. O que você que está inserido nesse
contexto deseja para si mesmo, para seus parceiros, seus companheiros, seus
familiares e para a sociedade em geral? Você vai à luta? Vai se atualizar? Vai
continuar como está para ver como é que fica? Não quero que me fale o que
pretende. Faça o que a razão e sua mente determinarem que seja feito e boa
sorte.
Afif Bittar – Sociólogo – Especialista em Psicologia
Social – Consultor de empresas em Administração Geral e em Recursos
Humanos. (15/09/09).
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