quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A Construção de Uma Imagem.


Grandes organizações, especialmente as multinacionais, sempre foram e, sem nenhuma dúvida, continuam sendo extremamente zelosas e cuidadosas na manutenção de uma imagem discreta, bem como de uma conduta correta na comunidade local e na sociedade global como um todo, evitando possível acusação de se valerem da sua força e do seu poderio econômico, financeiro, científico e tecnológico, sem considerar a real competência dos seus recursos humanos, além da sua vasta rede de influências junto aos governos nos países onde atuam. Tal poderio pode e costuma ser muito bem utilizado por um sem número de empresas e empresários a fim de exercer sua força econômica e política, corrompendo, através dos seus vastos recursos financeiros, indivíduos inescrupulosos, maus políticos, com o objetivo de se beneficiarem com determinadas isenções fiscais, constituindo cartéis e monopólios de produtos essenciais, seja através de fusões e/ou aquisições de empresas concorrentes, alijando muitos de seu rivais do mercado. De uns anos a esta parte, nota-se um enorme movimento de revalorização do papel desempenhado pelas empresas. Isto se deve em parte ao capitalismo que passou a ser encarado como única via capaz de promover o desenvolvimento econômico, o qual passa a assumir um papel predominante na sociedade empresarial e política, subordinando todas as demais necessidades sociais, inclusive nos países ditos socialistas e/ou comunistas. Homens e mulheres vivem atualmente uma séria crise de identidade. Muitos não se deram conta da real situação em que nos encontramos. Ocorre que algumas organizações, através de massificante campanha das diversas mídias, assumiram papéis de protetoras da humanidade. Desde então surgiu a empresa “cidadã”, a empresa “excelente”, a empresa “jovem”, a empresa “ética e guardiã da moral” entre outras. Como a propaganda é a alma do negócio, a massiva divulgação desses gêneros de organizações gerou enorme expectativa nas pessoas. Começa desse modo a construção e a criação de uma nova imagem das velhas e envelhecidas empresas. São as mesmas organizações com novas vestimentas, novas maquiagens, nova mentalidade para atrair novos clientes e novos funcionários que atendam e aceitem uma nova cultura recém nascida. É a mesma e velha empresa de “cara nova e maquiada” que acaba de ser submetida a uma cirurgia plástica total. De fato essa estratégia funcionou perfeitamente, pois como é sabido, até mesmo uma grande mentira, quando difundida seguida e freqüentemente, passa a ser vista como uma verdade, já que até seu próprio mentor passa a acreditar nela. Vivemos hoje em uma sociedade em que, permanentemente, se valoriza e muito, a imagem da aparência, da superficialidade, do consumo desenfreado e desregrado e, em um contexto desse tipo, as empresas acabam encontrando um fértil terreno para afirmarem-se como expoentes que propõem uma nova e vitoriosa forma de vida, de pleno sucesso com uma nobre missão a se realizar. Atraídos pelas novas promessas os jovens e vaidosos executivos correm em busca do novo “eldorado” oferecido pelas recauchutadas organizações. Assistimos a todo momento empresas e nações travando batalhas e guerras comerciais e de palavras. Alguns malucos se dão tiros de lá e de cá, invadindo, sem cerimônia, este e aquele país sob o pretexto de levar àquele sofrido povo a liberdade democrática. Para justificar suas atitudes utilizam-se das mais deslavadas mentiras. Por trás de tudo isso está a maior máquina de propaganda do universo, a informática, a mídia escrita, falada e televisada, utilizando-se de satélites de comunicação e da Internet, construindo as imagens dos líderes das mais poderosas nações do mundo como sendo os únicos e verdadeiros defensores da democracia do planeta. Qualquer semelhança com alguns políticos brasileiros não terá sido mera coincidência. Acreditem, isso acontece com muita constância e, infelizmente, continuará ocorrendo por muito tempo mais. Todos convivemos com esse clima sem que possamos exercer nosso papel de atores no palco dessas batalhas. Eu faço aquilo que posso, denuncio. Mudar é um processo contínuo e permanente. As empresas que desejarem superar suas dificuldades e crises administrativas, comerciais e de qualquer outro gênero, deverão incorporar ao seu “modus operandi”, o espírito e o desejo da dinâmica da mudança e das transformações aceleradas que assolam o mundo moderno. Mudar é estar em sintonia com o atual processo de grandes transformações por que passa toda a humanidade, filtrando e selecionando o que existe de melhor, desse modo aprendendo com os mais experientes, também com os próprios erros e também com os erros das outras pessoas. Um grande número de empresas existentes hoje no mercado internacional certamente foi concebido, criado e desenvolvido há muitas décadas. Seus traços culturais foram forjados e alicerçados ao longo de décadas quando o ambiente em que viviam sofria pouquíssima ou praticamente nenhuma pressão para mudança. A concorrência era praticamente nula. A vida daquelas empresas transcorria calma e tranqüilamente em um delicioso ambiente de muita paz e de pressão quase zero de raros concorrentes.  Hoje, em oposição ao que ocorreu no passado recente, o clima instalado é absolutamente diverso. Há um mercado nervoso, altamente competitivo, onde os competidores travam acirradas lutas por pequenos espaços no duro, difícil e hostil mercado consumidor, mercado este em que as pequenas organizações sobrevivem com sérias dificuldades e, não raro, estão em lento, porém em contínuo processo de extinção. O que você que está inserido nesse contexto deseja para si mesmo, para seus parceiros, seus companheiros, seus familiares e para a sociedade em geral? Você vai à luta? Vai se atualizar? Vai continuar como está para ver como é que fica? Não quero que me fale o que pretende. Faça o que a razão e sua mente determinarem que seja feito e boa sorte.

Afif Bittar  – Sociólogo – Especialista em Psicologia Social – Consultor de empresas em Administração Geral e em Recursos Humanos.    (15/09/09).

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