Brasil o país do futebol e do
carnaval deveria ser uma república federativa, entretanto, pelo andar da
carroça, desde a posse do presidente Lula da Silva, transformou-se em uma república
sindicalista. Mesmo não sou alarmista vejo fumaça de um golpe sendo
tramado nos subterrâneos dos palácios de Brasília. Como pano de fundo eles
alegam o terceiro mandato para Lula da Silva. Este fato coloca nossa frágil
democracia em risco. O presidente Lula deve pensar que o povo brasileiro é “besta”.
Ele costuma dizer que não quer o terceiro mandato, porém quando está no
palanque, mesmo fora do período eleitoral, ele faz sua campanha dizendo com a
cara mais lavada do mundo que oito anos para governar este país é muito pouco.
“Cara de pau” não é mesmo? Sabe presidente, talvez o seu eleitor não entenda e
nem perceba o que ocorre no seu desastrado (des)governo. Seu eleitor tem pouca
ou nenhuma educação formal para poder ler e entender jornais e revistas cujo
conteúdo seja mais sério, como notícias de economia e política. Seus eleitores estão
muito mais preocupados com reportagens policialescas e novelescas. O plano para a perpetuação dos sindicalistas
no poder foi arquitetado, elaborado, montado e executado por uma esperta elite
sindical. Essa mesma elite que domina o poder e que detém cerca de 45% dos
altos cargos executivos da administração federal. Vários desses ex-líderes
sindicais ocupam altos cargos nas federações da indústria e do comércio e
demais categorias empresariais. Muitos desses cargos são altamente
estratégicos. “O Estado de São Paulo” do dia 06/04/08, diz que essa elite
sindical possui escolaridade acima da média brasileira, quase a metade tem
cursos de mestrado, doutorado e pós-graduado, além de alguns pós-doutorados. Veja
o poder dessa gente. O presidente premiou as centrais sindicais livrando-as da
fiscalização do TCU – Tribunal de Contas da União - permitindo que gastem como
bem entender a gorda receita que arrecadam sem nenhum trabalho, já que
sindicalista nunca foi mesmo de trabalhar. Além desse presente, o presidente
tornou obrigatória a contribuição sindical, aquela mesma que obriga todo
trabalhador a doar ao sindicato da sua categoria profissional um dia de seu
trabalho por ano. Esta contribuição deveria ter sido extinta e, no entanto, o
presidente sindicalista acabou oficializando-a. Uma verdadeira sujeira para não
dizer sacanagem com o trabalhador. De acordo com a Dra. Maria Celina D’Araújo,
pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas, doutora em Ciência Política e
pós-doutora pela Universidade da Flórida, os sindicatos hoje estão muito mais
fortes que no recente passado e considera isso de certo modo irreversível. O
Congresso Nacional conta hoje com um elevado número de sindicalistas, todos
eles com enorme poder de influência nas decisões políticas. Diz a Dra. Maria
Celina que os sindicatos em todo o mundo têm um aspecto mafioso. Esses
sindicatos se agrupam e montam verdadeiras estruturas de interesses. Seus
líderes constituem poderosos grupos com interesses muito específicos e, na maioria
das vezes, com interesses muito pessoais. Ela prevê que no Brasil essa
estrutura de sindicalismo possa vir a gerar organizações de privilégios. Dentro
de minha limitada visão não tenho receio em afirmar que a previsão da Dra.
Maria Celina já se tornou realidade. Eles dominam o poder. Deitam e rolam,
fazem e desfazem. Eles lidam e manuseiam muito dinheiro. Um dinheiro que chega
fácil até eles sem esforço algum, sem que Lula ou outro líder sindical derrame
uma singular gota de suor do seu rosto. Um dia de trabalho de cada brasileiro,
sem descontos de IR, FGTS, INSS e outros. Essa dinheirama toda confere aos
sindicatos e às centrais de trabalhadores muito poder. Um poder da pior
espécie. As lutas internas pelo poder nos sindicatos correm soltas onde os rivais
em alguns casos acabam se matando. Como sabemos a corrupção corre solta em
quase todas as categorias profissionais. Dinheiro fácil, influência política e
corrupção, uma parceria de sucesso para os donos do poder. A presença de
ex-sindicalistas no governo trouxe muitas vitórias para o movimento sindical,
entretanto tais conquistas pouco beneficiaram os trabalhadores. Conforme afirma
o professor de Ciências Políticas da UNICAMP, Arnaldo Boito Júnior, o governo
do “presidente-trabalhador” ajudou apenas a “burocracia sindical”. Diz ainda o
professor Arnaldo: “A presença de sindicalistas não tem resultado numa política
favorável aos trabalhadores assalariados. Tem trazido, sim, vantagens para as
diretorias sindicais, para as burocracias sindicais”. Ainda na sua opinião o
fundamental não é ver que cargos os ex-sindicalistas ocupam e sim “o conteúdo
das medidas de política econômica e social que essas pessoas implementam” e
verificar a quais interesses atendem ou contrariam. “Se olharmos para o
conteúdo das medidas implementadas, o sindicalismo brasileiro, a despeito de o
governo ter na sua equipe muitos sindicalistas, não ganhou muito com isso”. Contudo
não se pode negar que sindicalistas e ex-sindicalistas ganharam e muito,
ganharam altos postos na estrutura federal, poder de influência nas decisões
governamentais, salários nababescos, moradia, passagens de avião para onde
quiserem, segurança para si e seus familiares, carro com motorista, cartões
corporativos para gastarem como bem entenderem já que ninguém controla ninguém.
Para se ter uma idéia da remuneração dos membros da chamada força tarefa do
presidente, eles recebem entre 7 mil e 27 mil reais por mês, dependendo dos
jetons, claro, sem desconto algum. Um belo exemplo do que aqui foi exposto é o
do “companheiro” Jair Antônio Meneguelli, antigo freqüentador de porta de
fábrica juntamente com o sindicalista Lula. Dois meses após assumir o governo,
o presidente Lula nomeou Jair Meneguelli para comandar o Conselho Nacional do
Serviço Social da Indústria – SESI, entidade ligada ao mais alto escalão do
empresariado brasileiro, com um salário de R$ 24.000,00 (vinte e quatro mil
reais) por mês. Como se vê a república sindicalista faz mais por seus líderes
do que pelos trabalhadores. Estes salários são relativos ao ano de 2008.
Meus amigos há um cheiro de golpe no ar, a democracia está em risco. “Aqueles
que não aprendem com a história estão condenados a repeti-la”.
Afif Bittar – Sociólogo – Especialista
em Psicologia Social – Consultor de empresas em Administração Geral e em
Recursos Humanos. (02/05/08)
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