quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A República Sindicalista.


Brasil o país do futebol e do carnaval deveria ser uma república federativa, entretanto, pelo andar da carroça, desde a posse do presidente Lula da Silva, transformou-se em uma república sindicalista. Mesmo não sou alarmista vejo fumaça de um golpe sendo tramado nos subterrâneos dos palácios de Brasília. Como pano de fundo eles alegam o terceiro mandato para Lula da Silva. Este fato coloca nossa frágil democracia em risco. O presidente Lula deve pensar que o povo brasileiro é “besta”. Ele costuma dizer que não quer o terceiro mandato, porém quando está no palanque, mesmo fora do período eleitoral, ele faz sua campanha dizendo com a cara mais lavada do mundo que oito anos para governar este país é muito pouco. “Cara de pau” não é mesmo? Sabe presidente, talvez o seu eleitor não entenda e nem perceba o que ocorre no seu desastrado (des)governo. Seu eleitor tem pouca ou nenhuma educação formal para poder ler e entender jornais e revistas cujo conteúdo seja mais sério, como notícias de economia e política. Seus eleitores estão muito mais preocupados com reportagens policialescas e novelescas.  O plano para a perpetuação dos sindicalistas no poder foi arquitetado, elaborado, montado e executado por uma esperta elite sindical. Essa mesma elite que domina o poder e que detém cerca de 45% dos altos cargos executivos da administração federal. Vários desses ex-líderes sindicais ocupam altos cargos nas federações da indústria e do comércio e demais categorias empresariais. Muitos desses cargos são altamente estratégicos. “O Estado de São Paulo” do dia 06/04/08, diz que essa elite sindical possui escolaridade acima da média brasileira, quase a metade tem cursos de mestrado, doutorado e pós-graduado, além de alguns pós-doutorados. Veja o poder dessa gente. O presidente premiou as centrais sindicais livrando-as da fiscalização do TCU – Tribunal de Contas da União - permitindo que gastem como bem entender a gorda receita que arrecadam sem nenhum trabalho, já que sindicalista nunca foi mesmo de trabalhar. Além desse presente, o presidente tornou obrigatória a contribuição sindical, aquela mesma que obriga todo trabalhador a doar ao sindicato da sua categoria profissional um dia de seu trabalho por ano. Esta contribuição deveria ter sido extinta e, no entanto, o presidente sindicalista acabou oficializando-a. Uma verdadeira sujeira para não dizer sacanagem com o trabalhador. De acordo com a Dra. Maria Celina D’Araújo, pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas, doutora em Ciência Política e pós-doutora pela Universidade da Flórida, os sindicatos hoje estão muito mais fortes que no recente passado e considera isso de certo modo irreversível. O Congresso Nacional conta hoje com um elevado número de sindicalistas, todos eles com enorme poder de influência nas decisões políticas. Diz a Dra. Maria Celina que os sindicatos em todo o mundo têm um aspecto mafioso. Esses sindicatos se agrupam e montam verdadeiras estruturas de interesses. Seus líderes constituem poderosos grupos com interesses muito específicos e, na maioria das vezes, com interesses muito pessoais. Ela prevê que no Brasil essa estrutura de sindicalismo possa vir a gerar organizações de privilégios. Dentro de minha limitada visão não tenho receio em afirmar que a previsão da Dra. Maria Celina já se tornou realidade. Eles dominam o poder. Deitam e rolam, fazem e desfazem. Eles lidam e manuseiam muito dinheiro. Um dinheiro que chega fácil até eles sem esforço algum, sem que Lula ou outro líder sindical derrame uma singular gota de suor do seu rosto. Um dia de trabalho de cada brasileiro, sem descontos de IR, FGTS, INSS e outros. Essa dinheirama toda confere aos sindicatos e às centrais de trabalhadores muito poder. Um poder da pior espécie. As lutas internas pelo poder nos sindicatos correm soltas onde os rivais em alguns casos acabam se matando. Como sabemos a corrupção corre solta em quase todas as categorias profissionais. Dinheiro fácil, influência política e corrupção, uma parceria de sucesso para os donos do poder. A presença de ex-sindicalistas no governo trouxe muitas vitórias para o movimento sindical, entretanto tais conquistas pouco beneficiaram os trabalhadores. Conforme afirma o professor de Ciências Políticas da UNICAMP, Arnaldo Boito Júnior, o governo do “presidente-trabalhador” ajudou apenas a “burocracia sindical”. Diz ainda o professor Arnaldo: “A presença de sindicalistas não tem resultado numa política favorável aos trabalhadores assalariados. Tem trazido, sim, vantagens para as diretorias sindicais, para as burocracias sindicais”. Ainda na sua opinião o fundamental não é ver que cargos os ex-sindicalistas ocupam e sim “o conteúdo das medidas de política econômica e social que essas pessoas implementam” e verificar a quais interesses atendem ou contrariam. “Se olharmos para o conteúdo das medidas implementadas, o sindicalismo brasileiro, a despeito de o governo ter na sua equipe muitos sindicalistas, não ganhou muito com isso”. Contudo não se pode negar que sindicalistas e ex-sindicalistas ganharam e muito, ganharam altos postos na estrutura federal, poder de influência nas decisões governamentais, salários nababescos, moradia, passagens de avião para onde quiserem, segurança para si e seus familiares, carro com motorista, cartões corporativos para gastarem como bem entenderem já que ninguém controla ninguém. Para se ter uma idéia da remuneração dos membros da chamada força tarefa do presidente, eles recebem entre 7 mil e 27 mil reais por mês, dependendo dos jetons, claro, sem desconto algum. Um belo exemplo do que aqui foi exposto é o do “companheiro” Jair Antônio Meneguelli, antigo freqüentador de porta de fábrica juntamente com o sindicalista Lula. Dois meses após assumir o governo, o presidente Lula nomeou Jair Meneguelli para comandar o Conselho Nacional do Serviço Social da Indústria – SESI, entidade ligada ao mais alto escalão do empresariado brasileiro, com um salário de R$ 24.000,00 (vinte e quatro mil reais) por mês. Como se vê a república sindicalista faz mais por seus líderes do que pelos trabalhadores. Estes salários são relativos ao ano de 2008.
Meus amigos há um cheiro de golpe no ar, a democracia está em risco. “Aqueles que não aprendem com a história estão condenados a repeti-la”.

Afif Bittar – Sociólogo – Especialista em Psicologia Social – Consultor de empresas em Administração Geral e em Recursos Humanos.             (02/05/08)


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